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Reflexões — Capítulo 20 — Vamos falar sobre alguns tipos de professores que existem e que não consigo entender o porquê são assim?

  • Foto do escritor: Andressa Siqueira
    Andressa Siqueira
  • 27 de jan. de 2024
  • 5 min de leitura

Há poucos dias atrás estivesse conversando com uma amiga sobre o curso de mestrado acadêmico, como alguns de vocês sabem eu terminei o meu curso em 2017 e ela está fazendo agora o dela.


Durante esse bate-papo, dei alguns conselhos que eu amaria que tivessem me dado na minha época de mestranda. E relembrando de todas as conversas que tive com outras pessoas que fizeram mestrado e doutorado, isso me fez refletir o porquê algumas coisas, que são simples, não são faladas pelos próprios orientadores nos cursos de pós-graduação voltado para a área acadêmico, fazendo ser mais pesado que o preciso o curso.



Silhueta de mulher pensando. Fonte: Pixabay. Autor: Chenspec
Fonte: Pixabay. Autor: Chenspec


Sim, o curso de pós-graduação voltado para a área acadêmica já é bem pesado. Todos que entram precisam publicar artigos (coisa que aprendemos no tapa na pós, pois ninguém ensina isso na graduação se você não tiver feito iniciação cientifica), temos que mostrar uma contribuição acadêmica com o nosso trabalho, no caso do mestrado, ou algo novo, no caso do doutorado. Dependendo da faculdade, se você reprovar em uma disciplina, você já é expulso do curso, em outras é se você reprovar em 2 ou 3 consecutivas.


Se você estiver optado pelo regime parcial, ou seja, você está trabalhando durante o curso, tudo fica muito mais pesado, pois quando você para pra estudar, a sua mente já está mais cansada. Além disso, tem a própria cobrança que os alunos exercem sobre si mesmo, pois se tem uma coisa que acontece durante o curso é acharmos que não daremos conta e que não somos tão inteligentes como achamos.


Só isso que relatei até agora é ingrediente suficiente para fazer qualquer aluno entrar em exaustão mental e ter Burnout. Porém, o problema não para aqui.


Desenho de pessoa desanimada junto de livro e um computador. Fonte:Pixabay Autor:PaliGraficas
Fonte:Pixabay.com Autor:PaliGraficas

Muitos entram sem saber fazer pesquisa cientifica e outras coisas básicas para a vida de um pesquisador acadêmico, pois não foi ensinado na faculdade e aprendem na base do esporro dos orientadores como é a forma correta. Não conseguem ter reuniões com uma boa periodicidade com seus orientadores para tirar dúvidas básicas. São extremamente pressionados a publicarem milhões de artigos, muitas vezes sem ainda ter entendido a importância deles, as regras das revistas e prazos e até mesmo as revistas que podem publicar. Tudo isso, muitas vezes, faz com o que o aluno não consiga terminar o curso, ou termine, mas saia falando para colegas não fazerem, pois não vale a pena sofrer tanto para quem não tem como emprego primário a docência.


E aí, que para mim, entra o papel do bom professor. Um bom professor não é aquele que é especialista na área que está dando aula, mas assim aquele que é humano em toda grandeza dessa palavra! Que observa o seu aluno e seu estado emocional, que indica para ele o caminho mais simples e fácil para alcançar um objetivo. Não estou dizendo que o professor deve passar a mão na cabeça dos alunos, pensando que eles são uns coitados não! Deve se exigir do aluno sim, mas não precisamos para isso acabar com a saúde mental dos nossos alunos.


Percebo que coisas simples já ajudariam muito os alunos. Tais como:


  • A faculdade no primeiro dia de aula, apresentar no primeiro dia de aula um pdf com o nome dos professores e suas respectivas áreas. Assim o aluno, se já souber a área que quer se dedicar, pode ir conversar com o professor. Além de um, passo-a-passo simples contendo as etapas até a formatura.

  • Marque com o seu aluno uma conversa sincera logo após ele te escolher como orientador. Explique como funciona o curso e cada etapa, qualificação, apresentação de evolução, tese/dissertação e tudo que ele terá pela frente. Trace com ele, nesse momento, um objetivo e cronograma macro até onde é possível ter visão e peça para ele detalhar esse cronograma com cada passo.

  • Tenha em mãos um pdf simples que explique, além das próximas etapas, coisas para que talvez seja simples para você, mas não são para quem começou a sua vida de pesquisador acadêmico, tais como: "Como procurar um artigo cientifico", "Como fazer experiências cientificas" e etc

  • Explique aos seus alunos que eles precisam se dedicar muito, pois é um curso pesado, porém fale também que ele precisa ter um momento dele, de descompressão. Ouça sobre a rotina do seu aluno para melhorar assessorar ele. Ele trabalha no mercado com que está estudando, fale para ele ter um hobby, de preferência, totalmente diferente do que sempre vendo. Se possível se afastando durante esse tempo de celular, computador (passamos muito tempo atrás da tela durante o curso) e etc.

  • Tenha um serviço de armazenamento na nuvem e lá tenha sempre uma cópia de modelo de artigos para cada revista, do documento de qualificação, tese, dissertação e apresentações. E o principal, disponibilize isso aos seus alunos!

  • Tenha algum tempo para ter reuniões com seus alunos, que seja uma hora por mês, mas naquela hora, esteja o mais preparado possível. Escute as dúvidas de seus alunos com atenção e tire-as. Aconselhe, refaça a rota se for preciso olhando o cronograma e adaptando o que for possível. Puxe a orelha se necessário, mas não esqueça de acolher e parabenizar quando você vê esforço, superação e/ou boas entregas.

  • A cada etapa, explique a importância dela para o aluno, para sua formação.

  • Se possível, indique livros, vídeos ou podcasts que irão ajudar o seu aluno, não só na parte técnica, mas também para um bom equilibro entre a vida acadêmica, trabalho e vida pessoal.

  • De exemplos de outros alunos que seguiram ou estão seguindo esses conselhos e que estão bem.


Se algum professor estiver lendo, pode estar pensando: "Que louca, imagina como vou olhar para todos que eu sou orientador? São muitos, seria impossível ser tão pessoal com cada um assim! Não tenho todo esse tempo, tenho que preparar aula, dar aula além de cuidar dessa turma toda. E outra coisa, sei que nem todos escutariam. Se eu fizer isso, irão ficar relapsos, preguiçosos e etc"




Ok, vamos por parte.


Primeiramente, os alunos que não estão verdadeiramente empenhados não irão ficar empenhados se for exigir muito deles. De fato, alguns alunos não te escutariam, eu vi isso também durante o meu curso. Mas não é pensando neles que dei os conselhos anteriores e sim nos que estão comprometidos com o curso. Muitos entram no mestrado pensando em seguida fazer o doutorado, porém ao terminarem, não querem mais nem pensar na possibilidade de fazer o doutorado.


Isso pode ser visto nos números do Anuário Brasileiro da Educação Básica de 2021. Poderíamos ter muito mais doutores se titulando, tendo em vista que o número de mestres é sempre superior e continua subindo.


Gráfico de números de mestres e doutores titulados no Brasil. Fonte: Anuário Brasileiro da Educação Básica de 2021
Gráfico de números de mestres e doutores titulados no Brasil. Fonte: Anuário Brasileiro da Educação Básica de 2021

Sobre o segundo ponto...


Sim, eu sei professor que você tem muitos alunos abaixo de ti e que seria humanamente impossível dar conta de tudo de forma tão humana. E por isso aqui vai meu último conselho para ti: utilize de uma rede de apoio... Ensine os seus doutorando para que eles te ajudem com os seus mestrandos para que seus mestrandos te ajudem com os seus graduandos por meio de seções de conversas entre eles. Dessa forma, não só você tem ajuda, como você ensina como ser um bom professor de verdade aos seus alunos da melhor forma de todas: através de exemplos!



arranjo do dia do chefe de alto ângulo com barcos de papel. Fonte Freepik.com
Fonte Freepik.com

Para termos cada vez mais um maior número de bons pesquisadores precisamos cuidar não só do conteúdo programático dos que estão sendo formados, mas também de suas saúdes mentais e físicas! Vamos usar tanto as boas quantos as experiências ruins para transformar a educação e principalmente os educadores no país.


Você pode até pensar agora que não adianta muito esse esforço se você for o único na sua faculdade a fazer de forma diferente, mas eu garanto que será! Seus alunos sairão mais humanos e serão professores mais humanos e tudo se transformar, como se fosse um esquema de pirâmide do bem, onde a sua atitude irá mudar a vida de x alunos e eles mudaram a vida de x² e assim por diante. E no futuro poderemos ter uma educação de qualidade em todos os âmbitos.


Se você chegou até aqui, não se esqueça de curtir, compartilhar esse artigo e deixar nos comentários o que você acha?


Referências

[1] Anuário Brasileiro da Educação Básica 2021 – Apresentação. Disponível em: <https://www.moderna.com.br/anuario-educacao-basica/2021/index.html>.

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