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Motivação, Procrastinação, Desafios e Problemas em Projetos Acadêmicos e Profissionais

  • Foto do escritor: Andressa Siqueira
    Andressa Siqueira
  • 24 de set.
  • 7 min de leitura

1.Introdução

Em ambientes acadêmicos e profissionais, a capacidade de manter-se motivado, lidar com os desafios e superar a procrastinação é um grande desafio e determinante para o alcance de bons resultados. Muitas vezes, nós encontramos diante de problemas em que o prazo de execução exige comprometimento coletivo e disciplina individual. No entanto, é fácil ver a existência de diferenças gritantes na motivação entre os integrantes: alguns carregam o grupo, enquanto outros permanecem passivos até que o prazo final os force a agir e sempre tem aqueles que acreditam o tempo inteiro que está tudo bem por os amigos vão colocar o seu nome junto no projeto.


Gerada por IA
Gerada por IA

Esse fenômeno ocorreu recentemente em uma das minhas turmas, no qual um grupo de estudantes de graduação deveriam desenvolver um projeto. Inicialmente, havia uma integrante muito motivada, responsável por mobilizar o grupo, palavras deles mesmo. Entretanto, diante da falta de engajamento dos demais colegas, essa aluna acabou se desmotivando. Somente três semanas antes da entrega aproximadamente, o grupo decidiu trabalhar intensamente para compensar os meses de procrastinação. Como consequência, o produto final não refletiu o verdadeiro potencial que poderiam ter alcançado se houvesse disciplina, planejamento e colaboração ao longo de todo o processo.


Essa experiência não é isolada infelizmente. Ela representa um retrato fiel da dinâmica em projetos colaborativos: a presença da procrastinação, a dificuldade em sustentar a motivação e a forma como esses fatores afetam diretamente a qualidade dos resultados. Por isso resolvi trazer essa discussão para ouvir vocês.


2. Entendendo a Motivação


2.1 Conceito e Importância

A motivação pode ser definida como o conjunto de fatores internos e externos que impulsionam uma pessoa a agir em direção a um objetivo. Segundo Robbins e Judge (2013), motivação é “a intensidade, a direção e a persistência do esforço de uma pessoa para alcançar uma meta”. Ou seja, não se trata apenas de iniciar uma tarefa, mas de conseguir manter a energia até sua conclusão.


Na literatura acadêmica, fala-se dois tipos principais de motivação:

  • Motivação intrínseca: aquela que nasce internamente, da curiosidade, do prazer em realizar a tarefa pelo simples ato de realizá-la.

  • Motivação extrínseca: aquela que depende de recompensas externas, como notas, salário, reconhecimento ou medo de punição.


Entre os alunos, ambos os tipos de motivação coexistem o tempo inteiro para quase todos. Alguns alunos estão intrinsecamente interessado em aprender, mas também buscar boas notas para terem reconhecimento.


Várias teorias tentam explicar como funciona esse fenômeno:

  • Teoria da Hierarquia das Necessidades de Maslow (1943): propõe que as pessoas possuem necessidades organizadas em uma pirâmide (fisiológicas, segurança, sociais, estima e autorrealização). Só quando as mais básicas estão atendidas é que o indivíduo busca níveis superiores.

  • Teoria dos Dois Fatores de Herzberg (1959): diferencia fatores higiênicos (salário, condições de trabalho) de fatores motivacionais (reconhecimento, desafio, realização).

  • Teoria da Autodeterminação (Deci; Ryan, 2000): destaca a importância da autonomia, competência e pertencimento como pilares para a motivação sustentável.



3. Procrastinação: o inimigo mortal e silencioso do sucesso


A procrastinação é definida como o ato de adiar tarefas intencionalmente, apesar de saber as possíveis consequências negativas desse adiamento. Ela está ligada a fatores emocionais, cognitivos e comportamentais. Entre as principais causas, destacam-se:

  • Medo de falhar.

  • Perfeccionismo excessivo.

  • Baixa autorregulação emocional.

  • Falta de clareza sobre os objetivos.

  • Preferência por gratificação imediata em detrimento da satisfação futura.


Se você se identificou com mais de uma e luta contra ela, estamos juntos! kkkkkkkkkkkkk


Estudos mostram que cerca de 70% dos universitários admitem procrastinar com frequência em seus estudos (Steel, 2007). Isso ocorre porque projetos de longo prazo, como trabalhos semestrais, não trazem recompensas imediatas, logo o estudante acredita que pode adiar até que o prazo esteja próximo, confiando que conseguirá compensar com esforço concentrado. Sempre deu certo neh, por que falharia agora?


No caso dos meus alunos, a procrastinação coletiva ficou evidente: meses de inércia foram "compensados" por apenas três semanas de trabalho intenso. Esse padrão é conhecido como “Lei de Parkinson” que diz, basicamente que o trabalho se expande de modo até preencher o tempo disponível para sua realização.



3.1 O ciclo da procrastinação

O comportamento procrastinatório tende a seguir um ciclo vicioso:

  1. A tarefa é percebida como difícil, longa ou desagradável.

  2. O aluno adia a execução e busca distrações.

  3. O adiamento gera culpa e ansiedade.

  4. Para aliviar a ansiedade, o estudante continua adiando.

  5. A pressão do prazo força a execução em cima da hora.

  6. O resultado fica aquém do potencial, reforçando a sensação de incompetência muitas vezes.


4. O Caso dos meus alunos

O relato do meu grupo de alunos evidencia um padrão clássico: a motivação inicial de um integrante foi corroída pela ausência de engajamento dos colegas, levando à procrastinação coletiva e ao esforço concentrado de última hora.


Isso fez com que a sua entrega tivesse que ser muito maior justamente em um período que está cheio de trabalho na faculdade e já deviam estar começando a pensar em suas provas. Podemos listar diversos fatores:


  • Falta de disciplina individual.

  • Dificuldades em autogerenciar o tempo.

  • Falta de comprometimento consigo mesmo e com os colegas.

  • Ausência de clareza de papéis, responsabilidades e consequências futuras (não estou falando das notas aqui não)

  • Prazo distante que criou falsa sensação de segurança.


As consequências vão muito além da nota no trabalho e muitos não se dão conta. Pois imagina qual deve ser a visão de um colega seu em relação ao seu comprometimento e qualidade de entrega. Você acha que ele, que só te conheceu ali dentro e talvez em umas saídas te indicaria para uma vaga na empresa onde trabalha colocando a confiança que o chefe dele tem relação as opiniões dele em jogo?


Amiguinho, se você disse sim, infelizmente terei que te trazer para a realidade. Lamento de informar que ele não irá te indicar, e nunca irá te dizer isso também! Até escrevi um pouco sobre isso em https://www.andressasiqueira.com.br/post/o-que-não-fazer-quando-estamos-na-faculdade.


5. Estratégias para Combater a Procrastinação


A procrastinação não é apenas uma questão de tempo mal administrado; ela é, sobretudo, um problema de autorregulação emocional e cognitiva, por isso é tão difícil ser mudada. Superá-la exige uma combinação de técnicas práticas, mudanças de mentalidade e, muitas vezes, apoio externo, por isso, não se acanhe em procurar um psicólogo.



5.1 Gestão de tempo

Ferramentas de gestão de tempo podem ser aliadas fundamentais:

  • Técnica Pomodoro que consiste em dividir o trabalho em blocos de 25 minutos de foco total, intercalados com breves pausas reduzindo a sensação de sobrecarga e facilita o início da tarefa.

  • Matriz de Eisenhower que classifica atividades segundo urgência e importância, ajudando a priorizar o que deve ser feito imediatamente e o que pode ser delegado ou eliminado.

  • Getting Things Done (GTD) que propõe você listar todas as tarefas, organizá-las por contexto e revisar constantemente, reduzindo a ansiedade causada por compromissos esquecidos.


5.2 Quebra de tarefas em etapas menores

Projetos extensos, como o challenge, tornam-se mais manejáveis quando decompostos em microentregas. Essa prática segue o princípio dos micro-hábitos, em que pequenas vitórias acumuladas aumentam a motivação.


Exemplo: em vez de “resolver o problema da empresa parceira”, o grupo poderia dividir em:

  1. Ler briefing do problema.

  2. Fazer brainstorming inicial.

  3. Selecionar três hipóteses.

  4. Definir dados necessários.

  5. Construir protótipo.


Cada etapa concluída gera senso de progresso e reduz a ansiedade.


5.3 Estabelecimento de metas claras

As metas deve ser específica, mensurável, atingível, relevante e temporal — os chamados SMART goals. Em projetos acadêmicos, metas como “realizar reunião semanal e entregar protótipo até 15/04” são muito mais eficazes que “avançar no projeto”.


5.4 Liderança ativa no grupo

A procrastinação coletiva pode ser combatida pela presença de um líder ativo, não necessariamente designado formalmente, mas alguém capaz de:

  • Estabelecer cronogramas.

  • Cobrar resultados intermediários.

  • Motivar os colegas a não deixar para a última hora.


5.5 Ambientes livres de distrações

Pesquisas em neurociência mostram que a multitarefa reduz drasticamente a produtividade (Rosen; Lim; Carrier; Cheever, 2011). Por isso, criar ambientes livres de distrações digitais — desligar notificações, bloquear redes sociais durante o estudo — é essencial para reduzir a procrastinação.


6. Motivação Sustentada ao Longo do Projeto

Manter a motivação constante durante meses é um desafio que exige tanto estratégias pessoais quanto ações coletivas.


Enquanto a motivação extrínseca pode ser suficiente para iniciar um projeto, apenas a motivação intrínseca garante a persistência. É necessário que as pessoas vejam sentido no desafio, percebam crescimento pessoal e sintam orgulho do aprendizado adquirido. Então de um sentido para cada tarefa, projeto que você tem, isso lhe ajudará muito!


7. Conectando ao Mercado de Trabalho

A relevância dos projetos acadêmicos não está apenas na nota final, mas na preparação dos alunos para desafios reais do mercado.



As mesmas dificuldades observadas em grupos de estudantes — procrastinação, desmotivação, sobrecarga de alguns — aparecem em equipes profissionais. Empresas também enfrentam colaboradores pouco engajados, líderes sobrecarregados e entregas de baixa qualidade quando não há disciplina coletiva.


No mercado, fala-se muito em accountability: a responsabilidade individual por resultados coletivos (Dubnick, 2014). Por isso encare os projetos acadêmicos como um treino para essa cultura. A falta de contribuição de um membro prejudica não apenas a nota, mas também a entrega e a reputação do grupo e da instituição.


Empresas modernas adotam metodologias como Scrum e Kanban, que se baseiam em entregas curtas, feedback contínuo e colaboração. Ao aplicar conceitos similares em sala de aula, os alunos se preparam para atuar em ambientes ágeis, reduzindo a tendência à procrastinação.


Além de competências técnicas, enfrentar desafios acadêmicos desenvolve habilidades socioemocionais:

  • Trabalho em equipe.

  • Comunicação assertiva.

  • Resolução de conflitos.

  • Liderança compartilhada.


Essas soft skills são cada vez mais valorizadas no mercado de trabalho.


8. Conclusão


O caso dos meus alunos que procrastinaram oferece valiosas lições sobre motivação, procrastinação, desafios em grupo e qualidade de resultados. Mostra que o talento individual não é suficiente quando não há engajamento coletivo, e que a falta de disciplina compromete não apenas a nota, mas também o aprendizado.


Para evitar esse padrão, é necessário:

  1. Estratégias individuais (gestão de tempo, micro-hábitos, metas SMART).

  2. Ações coletivas (liderança ativa, gamificação, senso de pertencimento).

  3. Suporte institucional (checkpoints, avaliação formativa, metodologias ativas).

  4. Preparação para o mercado (cultura de accountability, metodologias ágeis, soft skills).


Ao compreender e aplicar esses elementos, tanto alunos quanto profissionais podem transformar projetos de mera obrigação em oportunidades reais de crescimento, aprendizado e impacto.


E o que você está fazendo para mudar esse jogo?


 
 
 

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