Da Produção Artesanal à Indústria 4.0: A Ascensão da Inteligência Artificial nas Revoluções Industriais
- Andressa Siqueira

- 26 de nov. de 2024
- 5 min de leitura
Introdução
As revoluções industriais são marcos históricos que transformaram radicalmente como vivemos, trabalhamos e nos relacionamos com o mundo. Desde a produção artesanal até as tecnologias integradas da atualidade, cada uma dessas etapas trouxe inovações que impulsionaram a economia, redefiniram padrões de consumo e moldaram a sociedade. Este texto é um convite para explorar como a Primeira, Segunda e Terceira Revoluções Industriais pavimentaram o caminho para a era digital hiper conectada da Quarta Revolução Industrial.

A breve história da revolução industrial antes da quarta revolução
Antes da primeira revolução industrial toda produção de mercadorias era feita de forma artesanal. Era necessário que o produtor conhecesse e realizasse todas as tarefas, muitas vezes desde a coleta da matéria-prima até a produção do produto final. Mas isso iria mudar na metade do século XVIII em diante.
Primeira Revolução Industrial: O Início da Produção em Massa
A primeira revolução industrial, aconteceu entre os anos de 1760 e 1840, com início na Inglaterra. Essa revolução passou a proporcionar a produção em grande escala, onde os tempos de produção diminuíram, os funcionários das empresas não precisavam mais saber e produzir toda etapa do processo de produção, o que aumentou a produtividade. Essa revolução foi impulsionada pelas invenções como a máquina de fiar, o tear mecânico e a máquina a vapor.
"Nesse período, passa a existir o que conhecemos por “divisão do trabalho”. Cada trabalhador passa, então, a exercer apenas uma etapa da produção e não todas as etapas (da matéria-prima à comercialização), como era feito anteriormente." [1]

Nessa época o capitalismo consolidou-se como sistema econômico vigente, mudou as relações entre patrão e trabalhador, surgiu o trabalho assalariado e também um novo padrão de consumo. Esse novo padrão de consumo ocorreu, porque agora o vestuário, por exemplo, que antes era um artigo caro, tornou-se mais barato e consequentemente um bem básico e amplamente acessível à boa parte da população.
Além disso, mesmo que de forma ainda bem embrionária, os anúncios em jornais e outros veículos começou a moldar a ideia de consumo aspiracional, onde possuir determinados bens passava a ser símbolo de status e poder.

Segunda Revolução Industrial: novas fontes de energia e materiais
A segunda revolução industrial, aconteceu entre os anos de 1850–1945, contou principalmente com o uso de novas fontes de energia, no desenvolvimento de novos materiais e também o aperfeiçoamento das tecnologias que já existiam, o que permitiu a automatização da produção. Tudo isso proporcionou o aumento de produtividade e também o escoamento da produção para lugares cada vez mais longe com menos custo e menos tempo. Houve nesse período, também, grande incentivo às pesquisas, especialmente no campo da medicina.
Uma das principais características dessa época foi o domínio da produção e comércio por poucas empresas ou países.
"O ferro, o carvão e a energia a vapor, característicos da primeira fase da Revolução Industrial, agora dão lugar aos representantes da segunda fase: o aço, a eletricidade e o petróleo." [1]

Terceira Revolução Industrial: a era digital
A terceira revolução, aconteceu entre os anos 1950 - 2000, ficou conhecida como revolução industrial e marcou a substituição das máquinas analógicas pela digital, o surgimento dos semicondutores, microprocessadores e circuitos integrados, do celular (mesmo que sem as funcionalidades dos celulares atuais), a criação da internet e o início do uso dos computadores de formas mais abrangente pelas empresas.
Esses avanços permitiram que tarefas repetitivas fossem automatizadas, que a produção fosse personalizada em massa em uma mesma linha de produção, a criação de dispositivos digitais menores, mais rápidos e mais eficientes. Além disso, as empresas puderam distribuir sua produção globalmente com menos custo e mais rapidez. Indústrias baseadas em tecnologia surgiram e ganharam protagonismo.

A era da quarta revolução industrial
A quarta revolução industrial começou nos anos 2011, segundo dados de Schwab, presidente do Fórum Econômico Mundial, e autor do livro “A Quarta Revolução Industrial” e ficou conhecida como indústria 4.0. Essa nova revolução ficou marcada pela integração de tecnologias digitais, físicas e biológicas. De forma geral, podemos dizer que a transição da Terceira para a Quarta Revolução Industrial foi impulsionada pelos avanços na conectividade, na capacidade de processamento de dados e na integração de tecnologias emergentes. Basicamente saímos de sistemas simplesmente digitais para sistemas integrados a inteligência.
Apesar de ser apenas uma continuação das revoluções anteriores, a quarta possui uma característica especial: a convergência de diversas tecnologias. Podemos dizer que a Internet das Coisas (IoT), a Inteligência Artificial (IA) e o Big Data se destacam como os pilares centrais dessa revolução, criando um ecossistema hiper conectado, inteligente e baseado em dados.
A IoT permitiu que dispositivos e máquinas físicas fossem conectados a redes digitais, transformando objetos inanimados em agentes ativos no sistema global de comunicação trazendo benefícios significativos para setores como a indústria, onde sensores monitoram o desempenho de equipamentos em tempo real, otimizando processos e reduzindo custos e no nosso dia-a-dia transformando nossos lares em casas inteligentes, por exemplo.
Entretanto, a IoT sozinha seria incapaz de entregar tanto sem a Inteligência Artificial. A IA é como a "mente" desse sistema conectado, analisando os dados gerados pela IoT, identificando padrões, prevendo eventos e tomando decisões autônomas. Tudo isso resultou numa quantidade massiva de dados sendo gerado a todo instante e a resposta direta foi o nascimento do Big Data, pois a tecnologia convencionais não suportavam o processamento dessa quantidade e os tipos de dados gerados.
A convergência dessas três tecnologias criou um ciclo dinâmico: a IoT coleta dados, o Big Data os processa e a IA utiliza os resultados para otimizar processos ou tomar decisões. Essa transformação não apenas alterou os sistemas produtivos, mas também impactou profundamente a sociedade, exigindo novas abordagens para lidar com questões econômicas, éticas e sociais.

O papel da inteligência artificial na Quarta Revolução
O uso da IA está tornando as empresas, fabricas e casa em inteligentes com a integração da IA com robótica, pois permite que máquinas identifiquem problemas e se ajustem automaticamente trabalhando em conjunto com os seres humanos.
Previsão de falhas em equipamentos (manutenção preditiva), melhorias na eficiência energética e personalização de produtos com base em preferências do consumidor é um dos grandes diferenciais que a IA, em conjunto com o Big Data e IoT, proporciona.

Os impactos gerados pelo uso da IA são em várias áreas e de várias formas. Otimizam o uso de energia e o transporte de mercadoria, reduzem desperdícios, custos e emissões de gases, prever padrões climáticos e reduzir os impactos no setor agrícola, ajuda na gestão de riscos e combate a fraudes.
Apesar de seu potencial transformador, a aplicação de IA na Quarta Revolução Industrial apresenta desafios significativos relacionados ao acesso desigual à IA e tecnologias relacionadas pode ampliar lacunas entre países, empresas e indivíduos, preocupações éticas, como vieses algorítmicos e impactos na privacidade dos dados e a regulamentação da IA para garantir sua aplicação ética e responsável, especialmente em áreas críticas como saúde e segurança.
A substituição de funções humanas repetitivas, gera debates sobre desemprego tecnológico. Enquanto algumas funções irão acabar, outras surgiram. O grande ponto, nesse caso, é que os mais impactos são as pessoas que possuem menos acesso à educação e a tenologia.
O que todas as revoluções têm em comum?
As quatro revoluções industriais compartilharam pontos em comum que moldaram a sociedade como conhecemos hoje. Como ponto principal, tivemos a inovação tecnológica como o grande transformador e principio transformando os sistemas produtivos, o mercado de trabalho, criando novos padrões de consumo.
Outro ponto foram os desafios éticos e sociais que surgiram em temas relacionados ao uso das novas tecnologias, a exploração de mão de obra, o desemprego e desigualdade no acesso à tecnologia.
Conclusão
Das oficinas artesanais da Primeira Revolução Industrial à inteligência artificial que permeia a Quarta, a trajetória das revoluções industriais é um reflexo do potencial humano para inovar e se reinventar. Apesar dos avanços tecnológicos e das conquistas produtivas, cada era trouxe seus próprios desafios éticos e sociais, que continuam a nos provocar reflexões importantes sobre desigualdade, sustentabilidade e o futuro do trabalho. Ao olharmos para essa história, enxergamos não apenas os impactos que moldaram nosso presente, mas também os aprendizados que nos guiarão em direção a um amanhã mais equilibrado e inclusivo.
Referências



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